sexta-feira, 15 de abril de 2011

Porque precisamos da Filosofia?


No mundo de hoje, onde o avanço tecnológico domina não só os meios informativos, mas habita nossas mentes todo o tempo como um novo paradigma. Num mundo obsecado pela beleza, reino dos descartáveis e domínio dos consumistas, fica cada vez mais difícil o caminho da reflexão. Não sabemos lidar com os problemas do cotidiano, estamos reduzidos e condicionados a jogar fora o que não serve mais. A filosofia continua como uma “corda de segurança” através da qual permanecemos agarrados buscando uma solução. Ainda que seja difícil encontrar uma resposta concreta, examinar a nossa vida é uma obrigação, já nos dizia Sócrates que uma vida sem exame não merece ser vivida.  Porém, mais árduo que seja manter-se junto a essa corda, é, na verdade, mostrar e expandir a filosofia para todos. Demonstrar que refletir é o melhor caminho a seguir nas emergências de nossa existência.
A reinclusão da filosofia no ensino médio já é um grande passo na direção certa, mas continuamos aquém de uma solução. É preciso muito mais, uma mudança completa, social e intelectual. Precisamos reaprender a viver, o que só é possível vivendo. Como nos diz sabiamente Guimarães Rosa em seu Grande Sertão: Veredas.

"Viver é muito perigoso... Porque aprender a viver é que é o viver mesmo... Travessia perigosa, mas é a da vida. Sertão que se alteia e abaixa... O mais difí­cil não é um ser bom e proceder honesto, dificultoso mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até o rabo da palavra."

Mesmo sabendo que essa visão é de certa forma utópica, não estamos impedidos de tentar e essa é nossa responsabilidade. É difícil mudar o mundo, mas se começarmos por nós mesmos, já estaremos agindo. Precisamos procurar entender o mundo, sua evolução, suas necessidades, para viver melhor.

sábado, 9 de abril de 2011

Afinal, gosto se discute?


Falar sobre a beleza nos dias de hoje não é nada fácil, vivemos em um mundo fugaz onde experiências acerca do belo tornam-se cada vez menos intensas. Estamos imersos em uma realidade “descartável” na qual é impraticável qualquer tipo de tentativa em estabelecer algum parâmetro através do qual possamos julgar, ou ao menos discutir sobre a beleza. Costumamos dizer que gosto não se discute, cada um tem o seu, e insistimos nesse pensamento sempre, e herdamos esse pensamento do filósofo empirista David Hume. O empirista inglês acreditava que a beleza se caracteriza por sua recepção, ou seja, somente através da experiência. Logo, não podemos passá-la ao âmbito racional simplesmente. Por essa razão é que costumamos dizer que não há discussão sobre aquilo que sentimos. E, além disso, nossa argumentação é falha quando tentamos construir algo sólido para justificar nosso gosto, parece que perdemos essa capacidade. Se alguém nos pergunta, porque achamos alguma coisa bela, nossa resposta quase sempre é vazia, respondemos dizendo que simplesmente gostamos e ponto final.
Porém se olharmos por outro ângulo, somos intelectualmente capazes de dar razões através das quais denominamos tal coisa bela, ou não. Sendo assim, podemos concordar quando o filósofo Immanuel Kant afirma que ao experimentar a beleza sentimos algo que vai além de um prazer na sensação, experimentamos na verdade uma espécie de prazer reflexivo. Antes de qualquer coisa precisamos entender que esse prazer reflexivo se caracteriza justamente na capacidade que temos de refletir acerca do que sentimos e/ou pensamos. Quando sentimos esse prazer reflexivo estamos completamente aptos a realizar uma comunicação de tal sentimento. Devemos então, além de sentir, justificar reflexivamente nosso prazer, dessa forma estaremos inscrevendo nosso juízo em uma faculdade autônoma. Mostrando que além ter de gosto, podemos prová-lo e dar razões para que todo e qualquer sujeito possa julgar a beleza da mesma forma.

terça-feira, 5 de abril de 2011

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A "reconstrução" depois da catástrofe.


É admirável o fato de que somente na semana passada, quase três meses depois da tragédia que assolou a região serrana, realizou-se o primeiro “debate” acerca do que deve ser feito para evitar futuras catástrofes. E ainda mais incrível que isto, é poder observar o total despreparo de nossos governantes em tomar decisões coerentes para realmente modificar a realidade daqueles que foram afetados pelas chuvas. Um grande exemplo é que esta assembléia foi uma iniciativa do Bispo diocesano de Petrópolis através de um manifesto, o que a meu ver deveria ser da diligência dos políticos, os maiores responsáveis pela reconstrução pós tragédia.
A questão central proposta por Dom Filippo Santoro, é primeiramente a reconstrução de uma consciência, através da qual poderemos não só redefinir os parâmetros para construir novos lares, mas também valorizar a dignidade humana proporcionando novas perspectivas. Porém representantes políticos, dentre eles vereadores e deputados não mostraram uma direção certa a seguir, apenas falaram sobre projetos, e projetos, e medidas provisórias, nas quais o interesse maior está em criar um tipo de “alerta” que avisará a iminência de chuvas e deslizamentos. Tal alerta deve ser utilizado sempre na intenção de poupar vidas, mas está longe de ser uma solução adequada. É preciso muito mais do que isso para proporcionar segurança à sociedade.
Os moradores devem permanecer, na medida do possível, longe de áreas de risco, devem ser preparados não só para correr ao som de um alarme, que avisa sobre extensas quantidades de chuvas, mas principalmente para habitar um lugar sem causar um impacto ecológico de grandes proporções. Infelizmente nenhum membro do governo foi capaz de estabelecer alguma medida real e concreta para ser tomada, nada foi decidido. Por outro lado, esse foi um grande passo na direção certa, com a população participando só temos a ganhar. Outra assembléia ficou marcada para o dia 19 de maio, seria ótimo que mais pessoas participassem analisando e debatendo. E esperamos que os políticos mostrem mais coesão e decisão, em vez de tanta inaptidão.