PLATÃO E ARISTÓTELES
Platão
destaca, na República (livro III), a importância da educação musical dos
futuros guardiões da cidade, ao dizer: “[...] a educação pela música é capital, porque o ritmo e a harmonia penetram
mais fundo na alma e afetam-na mais fortemente [...].” (PLATÃO. A
República. Tradução e notas de Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian, 2001. p. 133.)
A música deve desenvolver sentimentos éticos nobres para bem servir a cidade e
os cidadãos. Assim, a música deve moldar qualidades como temperança, generosidade, grandeza de alma
e outras similares.
Na República, Platão faz a seguinte consideração sobre os poetas:
“[...] devemos começar por vigiar os autores de
fábulas, e selecionar as que forem boas, e proscrever as más. [...] Das que
agora se contam, a maioria deve rejeitar-se. [...] As que nos contaram Hesíodo
e Homero - esses dois e os restantes poetas. Efectivamente, são esses que
fizeram para os homens essas fábulas falsas que contaram e continuam a contar.” (PLATÃO. A
República. Tradução de Maria Helena da Rocha Pereira. 8. ed. Lisboa, Fundação
Calouste Gulbenkian, 1996. p. 87-88.)
Por
seu turno, na Poética, Aristóteles diz o seguinte a respeito dos poetas: “[...] quando no
poeta se repreende uma falta contra a verdade, há talvez que responder como
Sófocles: que representava ele os homens tais como devem ser, e Eurípides, tais
como são. E depois caberia ainda responder: os poetas representam a opinião
comum, como nas histórias que contam acerca dos deuses: essas histórias talvez
não sejam verdadeiras, nem melhores; [...] no entanto, assim as contam os
homens.” (ARISTÓTELES. Poética. Tradução de
Eudoro de Souza. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 468. Os Pensadores
IV.)
Platão e Aristóteles concordam com o fato de o poeta falar o falso, só que para
Platão suas fábulas são indignas para a juventude, enquanto que, para
Aristóteles, a poesia por ser mímesis não precisa dizer a verdade.
[...] não é ofício de poeta narrar o que
aconteceu; é, sim, o de representar o que poderia acontecer, quer dizer: o que
é possível segundo a verossimilhança e a necessidade. Com efeito, não diferem o
historiador e o poeta por escreverem verso ou prosa [...] (ARISTÓTELES.
Poética. Tradução de Eudoro de Souza. São Paulo: Abril Cultural, 1979. p. 249.)
Para Aristóteles a poesia refere-se, principalmente, ao universal; a história, ao
particular.
POESIA - POÉTICA
“[...] a
poesia, o nomear que instaura o ser e a essência das coisas, não é um dizer
caprichoso, mas aquele pelo qual se torna público tudo o que depois falamos e
tratamos na linguagem cotidiana. Portanto, a poesia não toma a linguagem como
um material já existente, senão que a poesia mesma torna possível a linguagem.
A poesia é a linguagem primitiva de um povo histórico. [...] então é preciso
entender a essência da linguagem pela essência da poesia.” (HEIDEGGER, Arte
e poesia. 1992).
Através deste fragmento, podemos visualizar que é preciso entender a essência da linguagem pela
essência da poesia, pois a poesia mesma é que torna possível a linguagem.
A arte está muito além da beleza, a arte provoca em nós
sentimentos e pensamentos que estão intimamente relacionados a nossa capacidade
de reflexão. Os movimentos artísticos e os verdadeiros gênios que já passaram
por esse mundo, sempre buscaram relacionar sua arte com a política e com a
sociedade em geral. Por esses e outros motivos, a arte juntamente com a filosofia provoca nossos mais profundos
pensamentos acerca do mundo em que vivemos e de nós mesmos.
WALTER BENJAMIN
"Em suma, o que é a aura? É uma figura
singular, composta de elementos espaciais e temporais: a aparição única de uma
coisa distante, por mais perto que ela esteja. Observar, em repouso, numa tarde
de verão, uma cadeia de montanhas no horizonte, ou um galho, que projeta sua
sombra sobre nós, significa respirar a aura dessas montanhas, desse galho.
Graças a essa definição, é fácil identificar os fatores sociais específicos que
condicionam o declínio atual da aura. Ele deriva de duas circunstâncias,
estreitamente ligadas à crescente difusão e intensidade dos movimentos de
massas. Fazer as coisas "ficarem mais próximas" é uma preocupação tão
apaixonada das massas modernas como sua tendência a superar o caráter único de
todos os fatos através da sua reprodutibilidade". (Fonte:
BENJAMIN, W. "A obra de arte na era de sua reprodutibilidade
técnica". In: Magia e Técnica, Arte e Política. Obras Escolhidas. Tradução
de Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1985, p. 170.)
O declínio da
aura decorre do desejo de diminuir a distância e a transcendência dos objetos
artísticos. Já que a obra é aquilo que nos transporta ao distante, quanto mais próximos queremos ficar dela, acontece a perda do seu valor de culto e da sua aura artística.
Sobre a crítica de arte, Benjamin afirma:
“É preciso mais crítica para tornar os
espaços mais plurais e mais compartilhados, precisamos falar sobre tudo aquilo
que nos causa movimento.”
Diante dessa afirmativa é possível dizer que, a crítica de arte significa explorar os contextos
e as releituras da obra. Afinal a crítica nada mais é do que um movimento que se dá a partir da obra, e pretende enaltecer todos os contextos que ela revela.