quarta-feira, 18 de junho de 2014

Estética e Filosofia da Arte - de Platão a Benjamin


PLATÃO E ARISTÓTELES

Platão destaca, na República (livro III), a importância da educação musical dos futuros guardiões da cidade, ao dizer: “[...] a educação pela música é capital, porque o ritmo e a harmonia penetram mais fundo na alma e afetam-na mais fortemente [...].” (PLATÃO. A República. Tradução e notas de Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. p. 133.)
A música deve desenvolver sentimentos éticos nobres para bem servir a cidade e os cidadãos. Assim, a música deve moldar qualidades como temperança, generosidade, grandeza de alma e outras similares. 

Na República, Platão faz a seguinte consideração sobre os poetas: 
[...] devemos começar por vigiar os autores de fábulas, e selecionar as que forem boas, e proscrever as más. [...] Das que agora se contam, a maioria deve rejeitar-se. [...] As que nos contaram Hesíodo e Homero - esses dois e os restantes poetas. Efectivamente, são esses que fizeram para os homens essas fábulas falsas que contaram e continuam a contar. (PLATÃO. A República. Tradução de Maria Helena da Rocha Pereira. 8. ed. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1996. p. 87-88.) 

Por seu turno, na Poética, Aristóteles diz o seguinte a respeito dos poetas: [...] quando no poeta se repreende uma falta contra a verdade, há talvez que responder como Sófocles: que representava ele os homens tais como devem ser, e Eurípides, tais como são. E depois caberia ainda responder: os poetas representam a opinião comum, como nas histórias que contam acerca dos deuses: essas histórias talvez não sejam verdadeiras, nem melhores; [...] no entanto, assim as contam os homens. (ARISTÓTELES. Poética. Tradução de Eudoro de Souza. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 468. Os Pensadores IV.) 
Platão e Aristóteles concordam com o fato de o poeta falar o falso, só que para Platão suas fábulas são indignas para a juventude, enquanto que, para Aristóteles, a poesia por ser mímesis não precisa dizer a verdade. 

[...] não é ofício de poeta narrar o que aconteceu; é, sim, o de representar o que poderia acontecer, quer dizer: o que é possível segundo a verossimilhança e a necessidade. Com efeito, não diferem o historiador e o poeta por escreverem verso ou prosa [...] (ARISTÓTELES. Poética. Tradução de Eudoro de Souza. São Paulo: Abril Cultural, 1979. p. 249.)
Para Aristóteles a poesia refere-se, principalmente, ao universal; a história, ao particular. 


POESIA - POÉTICA

“[...] a poesia, o nomear que instaura o ser e a essência das coisas, não é um dizer caprichoso, mas aquele pelo qual se torna público tudo o que depois falamos e tratamos na linguagem cotidiana. Portanto, a poesia não toma a linguagem como um material já existente, senão que a poesia mesma torna possível a linguagem. A poesia é a linguagem primitiva de um povo histórico. [...] então é preciso entender a essência da linguagem pela essência da poesia.” (HEIDEGGER, Arte e poesia. 1992).
Através deste fragmento, podemos visualizar que é preciso entender a essência da linguagem pela essência da poesia, pois a poesia mesma é que torna possível a linguagem.


A arte está muito além da beleza, a arte provoca em nós sentimentos e pensamentos que estão intimamente relacionados a nossa capacidade de reflexão. Os movimentos artísticos e os verdadeiros gênios que já passaram por esse mundo, sempre buscaram relacionar sua arte com a política e com a sociedade em geral. Por esses e outros motivos, a arte juntamente com a filosofia provoca nossos mais profundos pensamentos acerca do mundo em que vivemos e de nós mesmos.



WALTER BENJAMIN

"Em suma, o que é a aura? É uma figura singular, composta de elementos espaciais e temporais: a aparição única de uma coisa distante, por mais perto que ela esteja. Observar, em repouso, numa tarde de verão, uma cadeia de montanhas no horizonte, ou um galho, que projeta sua sombra sobre nós, significa respirar a aura dessas montanhas, desse galho. Graças a essa definição, é fácil identificar os fatores sociais específicos que condicionam o declínio atual da aura. Ele deriva de duas circunstâncias, estreitamente ligadas à crescente difusão e intensidade dos movimentos de massas. Fazer as coisas "ficarem mais próximas" é uma preocupação tão apaixonada das massas modernas como sua tendência a superar o caráter único de todos os fatos através da sua reprodutibilidade". (Fonte: BENJAMIN, W. "A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica". In: Magia e Técnica, Arte e Política. Obras Escolhidas. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1985, p. 170.)
O declínio da aura decorre do desejo de diminuir a distância e a transcendência dos objetos artísticos. Já que a obra é aquilo que nos transporta ao distante, quanto mais próximos queremos ficar dela, acontece a perda do seu valor de culto e da sua aura artística.

Sobre a crítica de arte, Benjamin afirma:
 “É preciso mais crítica para tornar os espaços mais plurais e mais compartilhados, precisamos falar sobre tudo aquilo que nos causa movimento.”
Diante dessa afirmativa é possível dizer que, a crítica de arte significa explorar os contextos e as releituras da obra. Afinal a crítica nada mais é do que um movimento que se dá a partir da obra, e pretende enaltecer todos os contextos que ela revela.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Textos de Filosofia Medieval

Na Idade Média percebemos um grande esforço intelectual para fundamentar a fé através da razão. Durante esse período fé e razão se harmonizaram através da filosofia cristã.

Nesse período, patrimônio cultural do Ocidente cristão é enriquecido com valiosas contribuições dos intelectuais muçulmanos. O renascimento cultural promovido pelos árabes no Oriente, nos séculos VIII e IX, é marcado por avanços científicos e pela retomada do pensamento racional grego. Averróis foi médico e filósofo; na filosofia, destaca se por ser um dos maiores comentaristas da obra do filósofo grego Aristóteles, tornando-se, assim, um dos mais ilustres pensadores da baixa Idade Média. 


SANTO AGOSTINHO

A Patrística foi a Filosofia Cristã dos primeiros séculos de nossa era. Consistia na elaboração doutrinal das crenças religiosas do cristianismo e na sua defesa contra os ataques dos pagãos e contra as heresias. Dado o encontro entre a nova religião e o pensamento filosófico greco- romano, o grande tema da Filosofia Patrística foi o da possibilidade ou impossibilidade de conciliar fé e razão. Santo Agostinho, expoente dessa filosofia, sobre a relação fé e razão, defendia a tese que se pode resumir nesta frase: "Credo ut intelligam" (Creio para entender).

Santo Agostinho retoma a célebre teoria platônica das Ideias à luz do cristianismo e formula a teoria da iluminação segundo a qual o homem recebe de Deus o conhecimento das verdades eternas: à semelhança do sol, Deus ilumina a razão e torna possível o pensar correto. Segundo Santo Agostinho, a fé não conflita com a razão, esta última seria auxiliar da fé e estaria a ela subordinada. A fé, não oprime a razão, mas, ao contrário, abre-lhe os olhos que a falta de fé mantinha fechados. A partir dos princípios da fé, a razão, por suas próprias forças, deduzirá consequências e tentará resolver os problemas que Deus deixou para nossas livres discussões. 

Quem nos mostrará o Bem? Ouçam a nossa resposta: Está gravada dentro de nós a luz do vosso rosto, Senhor. Nós não somos a luz que ilumina a todo homem, mas somos iluminados por Vós. Para que sejamos luz em Vós os que fomos outrora trevas. (SANTO AGOSTINHO. Confissões IX. São Paulo: Nova Cultural,1987. 4, l0. p.154. Coleção Os Pensadores) A doutrina da iluminação se baseia na busca pela razão através da fé, é preciso crer para entender.

Haja vista que para cada ato humano implica-se uma tomada de posição frente
às coisas, Santo Agostinho concebe que, ou delas se “frui” ou se “usa”. Mas afinal, o
que significa isto? Fruir significa “aderir a alguma coisa por amor a ela própria”; usar, ao
contrário, “é o orientar o objeto de que se faz uso para obter ao qual se ama, caso tal
objeto merece ser amado”. Poder-se-ia perguntar que, dada esta
distinção entre os atos – devido a uma distinção entre os objetos –, de que se deve
então fruir?
Responde, ele que somente Deus Trindade: “o Pai, o Filho e o
Espírito Santo..., a própria Trindade, uma e suprema realidade, é a única Coisa a ser
fruída, bem comum de todos”. Cabe, portanto, que o homem, reconheça sua
necessidade Daquele que lhe deu a vida e, em meio às coisas do mundo, veja em
Deus, o sumo bem, acima do qual não se pode conceber outro maior.
De Deus frui-se porque, Deus ama os homens e as divinas Escrituras proclamam
bem alto esse seu amor. Ama não para gozar deste, já que não precisa da bondade
humana: “Se for para gozar, então precisa de nossa bondade? Tal conclusão ninguém
de juízo poderá sustentar. Pois todo bem que está em nós, ou é ele próprio ou procede
dele”.


SÃO TOMÁS DE AQUINO

As cinco vias consistem em cinco grandes linhas de argumentação por meio das quais se pode provar a existência de Deus. Sua importância reside sobretudo em que supõe a possibilidade de se chegar no entendimento de Deus, ainda que de forma parcial e indireta, a partir da consideração do mundo natural, do cosmo, entendido como criação divina. (MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999. p. 67.) Tomás de Aquino formula as argumentações que provam a existência de Deus sob a influência do pensamento de Aristóteles, recorrendo não à Bíblia, mas, sobretudo, à Metafísica do filósofo grego. 

 "Nos três primeiros artigos da 2ª questão da Suma de Teologia, Tomás de Aquino discute sobre a existência de Deus. Suas conclusões são: 1) a existência de Deus não é auto evidente, sendo preciso demonstrá-la; 2) a existência de Deus não pode ser demonstrada a partir de sua essência (pois isso ultrapassa a nossa capacidade de conhecimento); 3) a existência de Deus pode ser demonstrada, contudo, a partir de seus efeitos (demonstração quia), isto é, a partir da natureza criada podemos conhecer algo a respeito do seu Criador. A partir disso, ele desenvolve cinco argumentos ou vias segundo as quais se pode mostrar, a partir dos efeitos, que Deus existe." 
(Adaptado de: MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2000. p. 126-130.) 
Nos argumentos de Tomás de Aquino sobre a existência de Deus, pode-se perceber a influência dos escritos de Aristóteles em seu pensamento. 
Segundo a prova teleológica, tudo que obedece a uma finalidade pressupõe uma inteligência que o criou com tal finalidade, como o carpinteiro em relação a uma mesa; ora, percebemos a finalidade no Universo (todas as criaturas têm uma finalidade); logo, Deus é o princípio que dá essa finalidade ao Universo. 
Segundo a prova que se baseia no movimento, Deus é considerado o motor imóvel, isto é, como a causa primeira do movimento que percebemos no mundo, e deve ser imóvel para evitar o regresso ao infinito. 
A Suma Teológica de Tomás reúne, sem dúvida alguma, uns dos maiores escritos sobre o cristianismo com fundamentação filosófica de todos os tempos.


A REVOLUÇÃO

Admite-se de maneira geral que o século XVII sofreu e realizou uma radicalíssima revolução espiritual de que a ciência moderna é só mesmo tempo a raiz e o fruto. Essa revolução pode ser descrita e caracterizada de varias maneira diferentes. [...] Em minha opinião ela é expressão de um processo mais profundo e mais fundamental, em resultado do qual o homem, como às vezes se diz, perdeu seu lugar no mundo ou, dão talvez mais corretamente, perdeu o próprio mundo em que vivia e sobre o qual pensava, e teve de transformar e substituir não só seus conceitos e atributos fundamentais, mas até mesmo o quadro de referencia de seu pensamento.”
(KOYRÉ, A. Do mundo fechado ao universo infinito. P. 13)
Esta revolução causou a destruição da ideia greco-romana e cristã de Cosmos, isto é, do mundo como ordem fixa segundo hierarquias de perfeição e em seu lugar surgiu a ideia de um Universo infinito, aberto no tempo e no espaço, sem fim, sem limite.

O espaço heterogêneo e hierarquizado dos lugares naturais da Física aristotélico-tomista foi substituído pela ideia de um espaço homogêneo, mensurável, calculável e sem valores.

Imagine-se em um centro urbano, observando pessoas que estão indo e vindo de diferentes lugares, cada uma movida por múltiplas razões. Pode-se, entre outros aspectos, identificar que cada pessoa é impulsionada a realizar características que a distinguem de outros animais. Cada uma dessas características pode afirmar o homem como: ser histórico, ser religioso e ser de conhecimento. 

Para agir no mundo, a pessoa humana utiliza-se de diferentes modalidades de conhecimento.
Como o senso comum como conhecimento irracional, de pouca influência na formação de novos conhecimentos. 
A ciência como um saber, que, na sua essência, procura desvendar a natureza a partir, principalmente, das relações entre causa e efeito. 
A arte como um conhecimento que proporciona entender o mundo através da sensibilidade do artista. 
A filosofia como um saber que se propõe a oferecer um conhecimento, baseado na busca rigorosa da origem dos problemas, relacionando-os a outros aspectos da vida humana. 
O mito como saber capaz de superar a subjetividade do homem, frente ao desconhecido.


segunda-feira, 16 de junho de 2014

A sofística e a relatividade do conhecimento



A physis é a totalidade das manifestações que são regidas por uma lei (nomos) que garante a ordem e a harmonia do todo. Essa lei é entendida como lei natural, isto é, própria da physis, cuja a regulação abrange todas as instâncias da natureza, incluindo nisso a regulação dos agrupamentos humanos. De tal modo, que a ordem social estabelecida, bem como os valores inerentes a essa organização, é também uma ordem natural, ou seja, sua estrutura segue as determinações da própria physis. Então, as diferentes castas da sociedade são determinações de uma lei natural, que não só ordena a sociedade humana, como estrutura todo o Cosmos. Está identidade entre ordem social e ordem cósmica, determinadas pela lei (nomos), é o que sustentava a hegemonia da aristocracia na liderança e administração das cidades-estado – tal casta está ali pela ordem das coisas e ali deve continuar.


Os sofistas vem precisamente por em questão a origem da lei (nomos) e consequentemente de toda uma estrutura social, que supostamente é determinada por uma ordem divina, por uma ordem cósmica, e sustentam que a lei (nomos) é antes convenção humana, que se impõe pelo poder e pelo costume, pela tradição, e não uma determinação divina intrínseca a manifestação da physis.


Colocando a lei (nomos) no âmbito humano e retirando sua roupagem natural e divina, então ela pode ser discutida, reelaborada. E, uma vez que a lei (nomos) tem um caráter extremamente flexível, pois é dependente da medida humana, consequentemente a estrutura social também é passível de infinitas reelaborações, bem como os valores acerca do bem e do mal, belo, útil, dever e etc. Desse modo, as especulações políticas e as ambições sociais ganham peso irreversível na Grécia antiga e os sofistas se pretendem mestres da juventude que deve se impor e renovar os quadros sociais segundo, em última instância, seus interesses pessoais. Com os sofistas a sociedade humana se desprende do suposto determinismo cósmico, para se reelaborar constantemente, segundo as medidas e interesses humanos.



Dizer que há lei natural é antes sustentar que há um princípio objetivo, independente das relações entre os homens e que garante a origem da ordem, do bem e de todos os valores que os homens mais ou menos compreendem.


Assim, a Lei Natural é o conjunto das leis divinas estabelecidas por Deus e a sua finalidade última é manter a soberana Justiça em todas as manifestações da natureza, diferente da concepção grega de lei natural que por ela justifica as desigualdades sociais e a predominância abusiva de uma casta e por isso mesmo foi passível da crítica sofística.


O homem é o centro das reflexões dos sofistas, é colocado como medida de todas as coisas, que se distanciam das questões da natureza e da cosmologia para se preocuparem com o homem inserido na cidade e na sua formação para atuar nessa cidade. Ele é a medida porque a sua percepção da realidade está condicionada aos sentidos, de modo que as coisas são ou não são em virtude de como ele as percebe. Assim, o conhecimento é subjetivo, no sentido de que as coisas, para serem percebidas, se adequam aos meios de percepção humana.


Desse modo, a natureza e a sua possível verdade está sujeita ao homem, aos seus critérios humanos, que podem variar ao infinito. E os sofistas se ocupam de oferecer as melhores técnicas da retórica para que os homens consigam fazer prevalecer suas percepções particulares acerca de qualquer assunto, objeto, problema. Pois, sendo o homem a medida de todas as coisas, não existe “a verdade” acima de sua medida particular, mas apenas opiniões verdadeiras que se destacam pela aplicação da melhor técnica oratória.


MORENTE, M. G. Fundamentos de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

Textos de Filosofia Antiga


Sobre Mito e Filosofia podemos afirmar o seguinte:
Os poemas homéricos, em razão de muitos de seus componentes, já contêm características essenciais da compreensão de mundo grega que, posteriormente, se revelaram importantes para o surgimento da filosofia.
O naturalismo, que se manifesta nas origens da filosofia, já se evidencia na própria religiosidade grega, na medida em que nem homens nem deuses são compreendidos como perfeitos.
A humanização dos deuses na religião grega, que os entende movidos por sentimentos similares aos dos homens, contribuiu para o processo de racionalização da cultura grega, auxiliando o desenvolvimento do pensamento filosófico e científico.


Do arco o nome é vida e a obra é morte.” (HERÁCLITO. Sobre a natureza. Trad. de José Cavalcante de Souza. São Paulo: Nova Cultural, 1989, p. 56. Coleção Os Pensadores)
Este fragmento ilustra bem o pensamento de Heráclito, que acreditou ser o mundo o eterno fluir, comparado a um rio no qual entramos e não entramos. É possível afirmar que tudo está representado pela mudança e pelo fluxo eterno de todas as coisas. Nada está imóvel, tudo está em um eterno devir. Devir constante que transforma a própria vida em morte e a morte em vida.


Na filosofia de Parmênides preludia-se o tema da ontologia. A experiência não lhe apresentava em nenhuma parte um ser tal como ele o pensava, mas, do fato que podia pensá-lo, ele concluía que ele precisava existir: uma conclusão que repousa sobre o pressuposto de que nós temos um órgão de conhecimento que vai à essência das coisas e é independente da experiência. Segundo Parmênides, o elemento de nosso pensamento não está presente na intuição, mas é trazido de outra parte, de um mundo extra-sensível ao qual nós temos um acesso direto através do pensamento.” (NIETZSCHE, Friedrich. A filosofia na época trágica dos gregos. Trad. Carlos A. R. de Moura. In Os pré-socráticos. São Paulo: Abril Cultural, 1978. p. 151. Coleção Os Pensadores.)

Para Parmênides, o Ser e a Verdade coincidem, porque é impossível a Verdade residir naquilo que Não-é: somente o Ser pode ser pensado e dito. Assim, pode-se afirmar com segurança que Parmênides rejeita a experiência como fonte da verdade, pois, para ele, o Ser não pode ser percebido pelos sentidos. O pensamento, para Parmênides, é o meio adequado para se chegar à essência das coisas, ao Ser, porque os dados dos sentidos não são suficientes para apreender a essência. Na impermanência e na opinião residem o não-ser, pois somente aquilo que é de acordo com a sua verdade e a sua essência é o ser.

Necessário é o dizer e pensar que (o) ente é; pois é ser, e nada não é; isto eu te mando considerar. Pois primeiro desta via de inquérito eu te afasto, mas depois daquela outra, em que mortais que nada sabem erram, duplas cabeças, pois o imediato em seus peitos dirige errante pensamento.” (PARMÊNIDES. Sobre a natureza. Trad. de José Cavalcante de Souza. São Paulo: Nova Cultural, 1989, p. 88. Coleção. Os Pensadores.). 
Não se pode dizer “não-ser é”, porque “não-ser” é impensável.
Dizer não-ser é não não-ser, é o mesmo que afirmar não-ser não é.

Após a grande descoberta de Parmênides em relação à origem de todas as coisas, a saber, que tudo advém do Ser, que é imóvel, indivisível e sobre o qual nada mais perfeito pode ser pensado. O pensamento pré-socrático entra em crise e os pensadores a partir daí passam a ser pluralistas, isso significa que, tendo em vista que o Ser é indivisível, os pensadores passaram a nomear mais de um elemento como constitutivo da origem do mundo.






quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Mora na Filosofia


Dando boas vindas a todos os estudantes de filosofia, que nesse ano possamos apreender e ensinar muita filosofia. Para que nossa vivência no mundo faça uma diferença, que nossa postura crítica diante da vida nos mostre que a felicidade é o caminho e que nossa existência pode ter um saldo positivo para o mundo!

Mora na Filosofia
Pra que rimar amor e dor?