Falar sobre a beleza nos dias de hoje não é nada fácil, vivemos em um mundo fugaz onde experiências acerca do belo tornam-se cada vez menos intensas. Estamos imersos em uma realidade “descartável” na qual é impraticável qualquer tipo de tentativa em estabelecer algum parâmetro através do qual possamos julgar, ou ao menos discutir sobre a beleza. Costumamos dizer que gosto não se discute, cada um tem o seu, e insistimos nesse pensamento sempre, e herdamos esse pensamento do filósofo empirista David Hume. O empirista inglês acreditava que a beleza se caracteriza por sua recepção, ou seja, somente através da experiência. Logo, não podemos passá-la ao âmbito racional simplesmente. Por essa razão é que costumamos dizer que não há discussão sobre aquilo que sentimos. E, além disso, nossa argumentação é falha quando tentamos construir algo sólido para justificar nosso gosto, parece que perdemos essa capacidade. Se alguém nos pergunta, porque achamos alguma coisa bela, nossa resposta quase sempre é vazia, respondemos dizendo que simplesmente gostamos e ponto final.
Porém se olharmos por outro ângulo, somos intelectualmente capazes de dar razões através das quais denominamos tal coisa bela, ou não. Sendo assim, podemos concordar quando o filósofo Immanuel Kant afirma que ao experimentar a beleza sentimos algo que vai além de um prazer na sensação, experimentamos na verdade uma espécie de prazer reflexivo. Antes de qualquer coisa precisamos entender que esse prazer reflexivo se caracteriza justamente na capacidade que temos de refletir acerca do que sentimos e/ou pensamos. Quando sentimos esse prazer reflexivo estamos completamente aptos a realizar uma comunicação de tal sentimento. Devemos então, além de sentir, justificar reflexivamente nosso prazer, dessa forma estaremos inscrevendo nosso juízo em uma faculdade autônoma. Mostrando que além ter de gosto, podemos prová-lo e dar razões para que todo e qualquer sujeito possa julgar a beleza da mesma forma.
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