A praça publica é, sem dúvidas, uma das imagens que se identifica inteiramente com a filosofia em sua origem. E essa imagem nos faz lembrar da figura enigmática de Sócrates, que andava pela praça de Atenas discutindo com os jovens. A intenção de Sócrates era “picar” as pessoas com indagações elementares, para que elas passassem a ver o mundo de outra forma, isto é, ver o incomum no comum.
Sócrates era um filósofo no mais profundo sentido da palavra, não só amava e buscava o conhecimento verdadeiro, mas acreditava que uma vida sem reflexão de suas próprias crenças e opiniões, não valia a pena ser vivida. E apesar de não ter escrito nada sobre seu pensamento, foi capaz de transmiti-lo a seus discípulos, transformando a juventude ateniense.
Provocar os jovens pra que se deixasse levar pelas questões acerca de seu próprio cotidiano: quem é você? De onde veio? Para onde vai? A fim de transformar a realidade, causando uma mudança de perspectiva, uma ruptura com o normal. Chegando a questões mais elementares como: o que é a justiça? O que é a virtude? Fazendo com que o pensamento crítico se tornasse presente na vida de todos. A intenção de Sócrates era mostrar que o exercício livre do pensamento não precisa possuir instituição e local definidos, os quais podem, até mesmo, impedir a livre circulação de ideias e não se constituir, necessariamente, nos melhores espaços de formação.
O exemplo socrático do filosofar em praça publica, num livre-mercado de ideias, nos mostra que a fecundidade do diálogo que busca questionar a vida como um todo, não reside na conclusão que podemos chagar. Mas sim na inconclusão, ou seja, o que importa não é a solução das questões, mas ter a consciência do problema da existência humana. Ter a consciência de que se questionar é preciso independente de se chegar a respostas concretas e verdadeiras.
Esse grandioso filósofo sempre nos ensina que devemos garantir o exame, a reflexão sobre a nossa existência, não podemos dar a outrem esse poder. Devemos procurar o conhecimento verdadeiro, mesmo sabendo que talvez nunca alcancemos a verdade absoluta sobre todas as coisas. Mas a busca é inevitável.
Júlia Casamasso Mattoso
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