quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Câmara Municipal De Petrópolis 05.09.2012


Hoje à tarde fui a Câmara dos Vereadores de Petrópolis com o grupo de alunos. Para realizar algumas entrevistas, que reunidas formaram um vídeo para apresentarmos na III Olimpíada Latino-Americana de Filosofia. Chegamos lá por volta das 15 horas e para a nossa surpresa, de 15 vereadores que compõem a Câmara, apenas um estava presente. Sabemos que estamos em época de eleição, e muitos vereadores são candidatos sendo esta uma desculpa, estão em campanha, mas não seria a melhor campanha estar trabalhando? Mostrando serviço? Realizando e defendendo os direitos do povo, representando e legislando para o povo?
A Sessão Plenária começaria às 16, o único Vereador que estava presente não pôde nos receber, pois estava se preparando para a sessão. Para a nossa ingenuidade ficamos aguardando-os na entrada principal da Câmara, não sabíamos da entrada privativa. Ainda sim, subimos para procurá-los, faltando um pouco mais de 10 minutos para começar a sessão, apenas 5 vereadores já haviam chegado. Antes da Plenária conseguimos falar com dois vereadores, infelizmente apenas dois tiveram tempo, os outros chegaram em cima da hora, atrasados, ou chegaram no meio da sessão.
Às 16 horas e 15 minutos começa a Sessão Plenária na Câmara Municipal, com 5 vereadores. Começa a leitura dos autos, e mais uma vez ficamos surpresos, o 1º Secretário realiza uma leitura seca e sem significado. Até para aqueles que prestavam atenção estava difícil entender o que o vereador estava lendo. O texto continha erros de concordância, a leitura não ajudava na compreensão. Durante toda a sessão o Presidente da Câmara mexeu no aparelho celular, atendeu ligações, fez ligações, entrou até em redes sociais com seu iPad. Vereadores lendo jornal, conversando, a falta de educação é geral. Ou será que existem assuntos mais importantes para serem tratados nesse momento aos assuntos da cidade, a legislar? Todos entram e saem da sessão com exceção do Presidente que só não sai porque está presidindo a reunião, o mesmo não se mostrou em nenhum momento interessado em discutir sobre qualquer tema que fosse... Também com exceção do Vereador Silmar Fortes, que ficou presente durante toda a reunião, discutiu sobre todas as pautas, e se mostrou realmente interessado do inicio ao fim, parecia até que estava trabalhando. O que chama muita atenção também é a forma como o Presidente é tratado, chega a ser irônica diante de sua postura perante todos os presentes.
Depois de testemunhar tanto descaso, desrespeito para com o cidadão petropolitano, acaba a Plenária. Diante de tanta indignação, procuramos ainda alguns vereadores para conversar, e realizar a entrevista. Fomos recebidos pelos vereadores Silmar Fortes e Gil Magno, que responderam a nossas questões com educação da melhor maneira possível, assumindo assim uma postura de respeito educação e cumprimento de seus deveres como vereadores. Já o Presidente se recusou em nos receber alegando uma proibição legal que o impede de dar entrevistas sendo Presidente da Câmara e candidato. Que proibição seria esta? Ainda estamos procurando por ela!
Acredito que todos os cidadãos petropolitanos devem visitar a Câmara Municipal, presenciar tamanha falta de noção de nossos representantes. Todos devem ver de perto, seja presenciar uma Sessão Plenária como a de hoje, onde assistimos o “trabalho” de nossos legisladores, nossos representantes. Seja para fiscalizar se os vereadores estão na Câmara, trabalhando, fazendo o que nós pagamos para eles fazerem. Façam isso e escolheram melhor seus candidatos, não votem em nenhuma campanha, votem no candidato que trabalha de verdade. Não estou fazendo propaganda para nenhum candidato, minha intenção é mostrar o que devemos fazer para escolher quem nos represente verdadeiramente!

terça-feira, 4 de setembro de 2012

NIETZSCHE:  das três metamorfoses do espírito



"Vou dizer-vos as três metamorfoses do espírito: como o espírito se muda em camelo, e o camelo em leão, e o leão, finalmente, em criança.

Há muitas coisas que parecem pesadas ao espírito, ao espírito robusto e paciente, e todo imbuído de respeito; a sua força reclama fardos pesados, os mais pesados que existam no mundo.
'O que é que há de mais pesado para transportar?' — pergunta o espírito transformado em besta de carga, e ajoelha-se como o camelo que pede que o carreguem bem.
'Qual é a tarefa mais pesada, ó heróis' — pergunta o espírito transformado em besta de carga, a fim de a assumir, a fim de gozar com a minha força?
Não será rebaixarmo-nos, para o nosso orgulho padecer? Deixar refulgir a nossa loucura para zombarmos da nossa sensatez?
Não será abandonarmos uma causa triunfante? Escalar altas montanhas a fim de tentar o Tentador?
Não será sustentarmo-nos com bolotas e erva do conhecimento, e obrigar a alma a jejuar por amor da verdade?
Ou será estar enfermo e despedir os consoladores e estabelecer amizade com os surdos que nunca ouvem o que queremos?
Ou será submergirmo-nos numa água lodosa, se esta é a água da verdade, e não afastarmos de nós as frias rãs e os abrasados sapos?
Ou será amar os que nos desprezam e estender a mão ao fantasma que nos procura assustar?
Mas o espírito transformado em besta de carga toma sobre si todos estes pesados fardos; semelhante ao camelo carregado que se apressa a ganhar o deserto, assim ele se apressa a ganhar o seu deserto.
E aí, naquela extrema solidão, produz-se a segunda metamorfose; o espírito torna-se leão. Entende conquistar a sua liberdade e ser o rei do seu próprio deserto.
Procura então o seu último senhor; será o inimigo deste último senhor e do seu último Deus; quer lutar com o grande dragão, e vencê-lo.
Qual é este grande dragão a que o espírito já não quer chamar nem senhor, nem Deus? O nome do grande dragão é 'Tu deves'. Mas o espírito do leão diz: 'Eu quero.'
O 'tu deves' impede-lhe o caminho, rebrilhante de ouro, coberto de escamas; e em cada uma das suas escamas brilham em letras de ouro estas palavras: 'Tu deves.'
Valores milenários brilham nessas escamas, e o mais poderoso de todos os dragões fala assim:
'Em mim brilha o valor de todas as coisas. Todos os valores foram já criados no passado, e eu sou a soma de todos os valores criados.' Na verdade, para o futuro não deve existir o 'eu quero'. Assim fala o dragão.
Meus irmãos, para que serve o leão do espírito? Não bastará o animal paciente, resignado e respeitador?
Criar valores novos é coisa para que o próprio leão não está apto; mas libertar-se a fim de ficar apto a criar valores novos, eis o que pode fazer a força do leão.
Para conquistar a sua própria liberdade e o direito sagrado de dizer não, mesmo ao dever, para isso meus irmãos, é preciso ser leão.
Conquistar o direito a valores novos, é a tarefa mais temível para um espírito paciente e laborioso. E decerto vê nisso um acto de rapina e de rapacidade.
O que ele amava outrora, como bem bem mais sagrado, é o 'Tu deves'. Precisa agora de descobrir a ilusão e o arbitrário mesmo no fundo do que há de mais sagrado no mundo, a fim de conquistar depois de um rude combate o direito de se libertar deste laço; para exercer semelhante violência, é preciso ser leão.
Dizei-me, porém, irmãos, que poderá fazer a criança, de que o próprio leão tenha sido incapaz? Para que será preciso que o altivo leão tenha de se mudar ainda em criança?
É que a criança é inocência e esquecimento, um novo começar, um brinquedo, uma roda que gira por si própria, primeiro móbil, afirmação santa.
Na verdade, irmãos, para jogar o jogo dos criadores é preciso ser uma santa afirmação; o espírito quer agora a sua própria vontade; tendo perdido o mundo, conquista o seu próprio mundo.
Disse-vos as três metamorfoses do espírito: como o espírito se mudou em camelo, o camelo em leão, e finalmente o leão em criança."

Assim falava Zaratustra, e morava nesse tempo na cidade que se chama Vaca Malhada.